Plano exigiria que os multimilionários também pagassem impostos no valor de pelo menos 2% da sua riqueza total todos os anos
Na próxima semana, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, vai a Roma em visita oficial ao Papa Francisco para tentar convencê-lo a apoiar a proposta de taxação de bilionários para financiar projetos relacionados a mudanças climáticas e combate à fome no mundo.
O plano vem sendo defendido pelo Brasil no âmbito do G20 e já ganhou apoio de diversas nações da América do Sul, África e Europa. No entanto, outros países como Estados Unidos, ainda não se convenceram a apoiar o tema.
O plano exigiria que os multimilionários também pagassem impostos no valor de pelo menos 2% da sua riqueza total todos os anos.
Assim, uma manifestação de apoio do Papa Francisco poderia convencer líderes mundiais a se juntar à proposta brasileira.
O modelo, que vem sendo desenhado pela equipe de Haddad em conjunto com a vencedora do prêmio Nobel de Economia Esther Duflo e pelo economista Gabriel Zucman, consiste em criar um sistema tributário internacional ao qual os impostos de grandes corporações teriam uma alíquota de 15%.
Os valores recolhidos seriam direcionados a um fundo social, que também contaria com a tributação de bilionários ao redor do mundo.
A ideia é ter um aporte de US$ 500 bilhões com essas taxações e os valores seriam revertidos para o combate a mudanças climáticas e à pobreza, além do financiamento de projetos voltados ao meio ambiente.
Segundo o Ministério da Fazenda, na audiência com o Papa Francisco, Haddad apresentará os avanços da presidência brasileira do G20, destacando temas prioritários da trilha financeira do agrupamento.
Entre os tópicos em pauta estão a taxação de grandes fortunas, a luta contra a crise climática, com atenção para a tragédia do Rio Grande do Sul, e a crise da dívida dos países do sul global. A audiência também será uma oportunidade para coordenar posições em vista da Cúpula do G7, que ocorrerá na cidade de Fasano entre os dias 13 e 15 de junho.
“A taxação de grandes fortunas, um dos temas prioritários da trilha financeira do G20, é vista como uma medida essencial para reduzir a desigualdade econômica global. O Brasil, sob a presidência do G20, tem defendido a implementação de políticas fiscais mais justas, que garantam uma distribuição equitativa da riqueza. Este tema será discutido durante a audiência com o Papa Francisco, que tem sido um defensor vocal da justiça social e da responsabilidade econômica”, diz a pasta.
Além da audiência com o Papa, Haddad também participa da conferência “Enfrentando a crise da dívida no Sul Global”, co-organizada pela Universidade de Columbia e pela Pontifícia Academia das Ciências Sociais. O ministro também fará uma reunião bilateral com o ministro das Finanças da Espanha, Carlos Cuerpo.