O ex-presidente do Peru, Alejandro Toledo, foi preso na noite de domingo, 24, acusado de corrupção e lavagem de dinheiro no âmbito do mega escândalo de subornos pagos pela empreiteira brasileira Odebrecht, e cumprirá 18 meses de prisão preventiva enquanto aguarda julgamento, anunciou a justiça, depois de descartar a possibilidade de prisão domiciliar solicitada pelo acusado. O peruano deu entrada na penitenciária de Barbadillo, em Lima, após ser extraditado dos Estados Unidos – ele estava em Los Angeles sob custódia de agentes da Interpol. Nessa prisão também estão os ex-presidentes Pedro Castillo (2021-2022) e Alberto Fujimori (1990-2000). Ao chegar em seu país de origem, o ex-mandatário, que tem 77 anos e foi diagnosticado com câncer, de acordo com seus advogados, foi submetido a exames médicos e levado a uma audiência com um juiz para a verificação de sua identidade. Toledo, que governou o Peru de 2001 a 2006, se entregou a pedido de um juiz na manhã de sexta-feira, 21, em um tribunal federal de San José, na Califórnia. Ele é acusado de ter recebido milhões de dólares da Odebrecht em troca de contratos de licitações para obras públicas. Os promotores pedem 20 anos e seis meses de prisão.
Alejandro Toledo, que sempre alegou inocência, havia sido detido em 2019 nos Estados Unidos, onde residia depois de ter trabalhado na Universidade de Stanford. Ele chegou a ser preso em um primeiro momento, mas em 2020 foi colocado em prisão domiciliar com uma tornozeleira eletrônica. As peças-chave da sua detenção foram os depoimentos de seu ex-colaborador Josef Maiman e de Jorge Barata, ex-representante da Odebrecht no Peru, foram fundamentais. Ambos afirmam que o ex-presidente recebeu suborno. Outros quatro ex-presidentes peruanos enfrentam processos judiciais por corrupção: Ollanta Humala (2011-2016), Pedro Pablo Kuczynski (2016-2018), Martín Vizcarra (2018-2020) e Pedro Castillo (2021-2022). O Peru foi um dos países da região mais afetados pela corrupção do escândalo da Odebrecht, que atingiu quase todos os presidentes da nação no século XXI. O ex-presidente Alberto Fujimori (1990-2000) também foi condenado por corrupção, além de crimes contra a humanidade, e Alan García (2006-2011) cometeu suicídio em 2019, quando a polícia estava a ponto de detê-lo por suspeita de vínculos com o caso Odebrecht. A empreiteira brasileira admitiu o pagamento de propinas no Brasil e em outros países da região no âmbito do escândalo Lava Jato, pelo qual dezenas de políticos e empresários latino-americanos foram presos.