O setor aéreo é considerado difícil economicamente, não só no Brasil, mas em todo mundo. Estima-se que haja um volume descasado das operações em caixa na ordem de US$ 325 milhões. Nos últimos anos houve pelo menos 300 casos de empresas que recorreram à recuperação judicial. É uma atividade bastante dependente das flutuações cambiais e também das oscilações de preço do querosene de aviação. Então o custo é extremamente elevado. É o que explica Luís Alberto de Paiva, economista e especialista em restruturação financeira das empresas. “Nenhuma empresa aérea no Brasil ou no mundo tem as suas contas equilibradas. O setor aéreo vive por conta de benefícios e subsídios. O querosene de aviação é extremamente forte. O governo diz agora: ‘Eu vou soltar recurso para a compra de avião’. Mas ninguém trabalha com avião próprio. Toda a frota das companhias aéreas é feita através de leasing internacional. Se há algo a ser feito é com relação a flutuação cambial, não a taxas de financiamento porque ninguém tem capital para imobilização e compra de aeronaves neste momento.
Na última sexta-feira, 26, a companhia aérea Gol teve o pedido de recuperação judicial aceito nos Estados Unidos. Com isso as ações da empresa ficam suspensas e os credores não podem obter os bens ou propriedades da empresa. A dívida atual e estimada em R$ 20 bilhões. E, apesar da ação judicial, os serviços continuam a ser cumpridos. As empresas aéreas que negociam um fundo de socorro do governo federal receberam R$ 7,5 bilhões em 2021. A Latam lidera essa lista, com as renúncias fiscais chegando a R$ 4 bilhões. Depois vem a Gol, com quase R$ 2 bilhões. E em terceiro a Azul, com R$ 950 milhões.
*Com informações do repórter Vctor Moraes