Com a magnitude do problema, pode haver um impacto na inflação ao consumidor “a nível Brasil”, segundo Andréa Angelo, estrategista de inflação da Warren Rena.
A produção de leite no estado fica forte a partir da metade de abril, alimentando a oferta do período de maio a julho. O intervalo marca a entressafra no Sudeste e no Centro-Oeste, de modo que a produção do Sul acaba suprindo a demanda dessas regiões.
“Há grande dificuldade de escoamento, o que compromete o abastecimento não apenas no Rio Grande do Sul, mas também em outros estados”, afirma o Cepea.
Contudo, devido a amplitude dos danos, ela diz que ainda não é possível mensurar o peso da alta.
O relatório do Cepea aponta que “os prejuízos são visivelmente enormes”, mas também reforça ainda não podem ser mensurados.
Tamanho do estrago
O Cepea afirma que a falta de energia, sobretudo, é um problema central para toda extensão do setor.
“No campo, impede a automação da ordenha e o resfriamento do leite; na indústria, o processamento dos lácteos e sua conservação. Fazendas e laticínios que seguiram operando contaram com geradores e combustível para sua alimentação. A falta desses itens inviabiliza a produção do leite cru e dos lácteos em muitas regiões do estado nesse momento”, diz.
Contudo, o problema ainda pode se agravar uma vez que o abastecimento de combustível no estado também foi afetado pelas chuvas, chegando ao ponto de uma refinaria da Petrobras ficar inacessível e uma distribuidora responsável por 30% do gás de cozinha do RS ser interditada.
Devido os pontos de bloqueios nas estradas, o Cepea reforça que há um problema geral na circulação de insumos. Tanto para escoar o que é produzido quanto para, por exemplo, captar a ração para os animais.
De acordo com o relatório, há relatos de racionamento e menor produção devido à má alimentação do rebanho; e até descarte de leite no campo.