Operação da PF que afastou prefeita Luanna foi a partir da apreensão do celular de Eduardo DP

Operação da PF que afastou prefeita Luanna foi a partir da apreensão do celular de Eduardo DP

Justiça

Nos diálogos, Juscelino orientou Eduardo DP a procurar uma empresa de consultoria ligada à prefeitura de Vitorino Freire para viabilizar a fraude na licitação que beneficiaria o empresário.

A investigação deflagrada pela Polícia Federal nesta sexta-feira para apurar suspeitas de corrupção envolvendo o ministro das Comunicações Juscelino Filho (União Brasil-MA) detectou pagamentos de propina feitos por um empresário a intermediários indicados pelo ministro. Os alvos da investigação negam irregularidades (leia abaixo).

As provas foram obtidas a partir da apreensão do telefone celular de Eduardo José Barros Costa, conhecido como Eduardo DP, dono da Construservice.

Após analisar o material, a PF encontrou diálogos nos quais Juscelino Filho antecipou ao empresário informações sobre a liberação de emenda parlamentar de R$ 1,5 milhão para obras de asfaltamento no município de Vitorino Freire (MA). A irmã do ministro, Luanna Rezende, é prefeita do município. Na época dos fatos, Juscelino era deputado federal.

A prefeita foi alvo de busca e apreensão e afastada do cargo na operação deflagrada nesta sexta. A PF cumpriu doze mandados de busca contra aliados de Juscelino no Maranhão. O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), entretanto, não autorizou o cumprimento de buscas nos endereços de Juscelino Filho. Após a realização das buscas, Barroso autorizou as defesas dos investigados a ter acesso ao material da investigação.

– Como funcionava o esquema

As apurações detectaram três formas de repasse dos pagamentos de propina destinados a Juscelino Filho.

A primeira delas foi por meio de uma empresa ligada a ele. De acordo com as investigações, Juscelino Filho indicou ao empresário uma empresa comandada por um laranja para receber os pagamentos de propina.

Essa empresa seria a Arco Construções e Incorporações, que formalmente pertence a Antônio Tito Salém Soares, marido de uma ex-funcionária de Juscelino. A PF apontou que ele é um testa de ferro do ministro no comando da empresa. Essa empresa teria sido subcontratada pela Construservice para escoar os recursos ilícitos.

A investigação também detectou transferências bancárias para terceiros, que teriam sido indicados por Juscelino Filho para o recebimento de propina.

Há, por último, suspeitas de pagamentos em dinheiro vivo para o ministro.

Nos diálogos, Juscelino orientou Eduardo DP a procurar uma empresa de consultoria ligada à prefeitura de Vitorino Freire para viabilizar a fraude na licitação que beneficiaria o empresário.

A PF também encontrou registros de que o edital de licitação da prefeitura foi montado em conjunto com a equipe de Eduardo DP. Seus funcionários orientaram a inclusão de itens e a subcontratação, que seria necessária para o repasse da propina.

– Outro lado

A defesa do ministro afirmou, em nota, que sua atuação “tem sido pautada pelo interesse público e atendimento da população”. “É importante ressaltar que Juscelino Filho não foi alvo de buscas e que o inquérito servirá justamente para esclarecer os fatos e demonstrar que não houve qualquer irregularidade. Emendas parlamentares, vale dizer, são instrumentos legítimos e democráticos do Congresso Nacional e Juscelino Filho segue à disposição, como sempre esteve, para prestar esclarecimentos às autoridades”, afirmam os advogados Ticiano Figueiredo e Pedro Ivo Velloso.

Fonte: Domingos Costa

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