O ex-presidente do Peru, Ollanta Humala, foi condenado nesta terça-feira (15) a 15 anos de prisão por lavagem de dinheiro, em um dos desdobramentos mais emblemáticos do escândalo de corrupção envolvendo a empreiteira brasileira Odebrecht. A decisão também atingiu sua esposa, Nadine Heredia, que recebeu a mesma pena. Ambos foram considerados culpados por ocultar quase US$ 3 milhões recebidos ilegalmente para financiar as campanhas presidenciais de 2006 e 2011.
Segundo o Ministério Público, os valores teriam sido repassados pela Odebrecht e pelo governo da Venezuela, ainda sob o comando de Hugo Chávez, para impulsionar a candidatura de Humala, que comandou o país entre 2011 e 2016. O casal sempre negou as acusações.
Logo após a leitura da sentença, Humala, de 62 anos, foi detido e transferido para o presídio de Barbadillo, em Lima — o mesmo onde estão presos outros dois ex-presidentes peruanos: Alejandro Toledo, condenado também por corrupção no caso Odebrecht, e Pedro Castillo, investigado por tentativa de golpe.
Antes da sentença, Nadine Heredia buscou asilo na Embaixada do Brasil em Lima. Com o pedido aceito, ela e o filho do casal embarcaram rumo a Brasília em um avião oficial do governo brasileiro. Heredia alegou perseguição política e risco à sua integridade física no país natal.
A decisão judicial marca um capítulo importante no combate à corrupção no Peru, onde quatro ex-presidentes foram implicados em esquemas ligados à Odebrecht. Além de Humala e Toledo, Alan García se suicidou em 2019 antes de ser preso, e Pedro Pablo Kuczynski ainda responde a processos.
O julgamento de Humala teve início em 2022 e reuniu mais de 900 testemunhas ao longo de três anos. A Justiça também determinou a perda de bens adquiridos com os valores ilícitos, como imóveis e contas bancárias.
Com esta condenação, Humala torna-se o primeiro ex-presidente peruano a ser sentenciado por financiamento irregular de campanha.