Diante de representantes da imprensa internacional, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, denunciou que os Estados Unidos mantêm 1.200 mísseis de oito destróieres apontados para o país. O líder chavista assegurou que suas forças estão “prontas para a luta armada”. “A Venezuela está enfrentando a maior ameaça já vista em nosso continente nos últimos 100 anos”, advertiu Maduro. Ele classificou a mobilização militar dos EUA, que incluiriam ainda um submarino e 4.500 marines (fuzileiros navais), como “uma ameaça extravagante, injustificável, imoral e absolutamente criminosa, sangrenta”. “Eles quiseram avançar para o que chamam de pressão máxima. Neste caso, é militar. Diante da máxima pressão militar, nós declaramos a máxima preparação para a defesa da Venezuela.”
De acordo com o jornal El Nacional, de Caracas, sete navios de guerra, entre eles o USS San Antonio, o USS Iwo Jima e o USS Fort Lauderdale, além de um submarino nuclear de ataque rápido, estão no sul do Caribe. O deslocamento, de acordo com o presidente Donald Trump, insere-se em uma luta contra o tráfico internacional de drogas e o Cartel de Los Soles — acusado por Washington de escoar cocaína para o México e os Estados Unidos.
Para fazer frente à ameaça bélica, Maduro convocou o alistamento de reservistas e ativou 4,2 milhões de integrantes da Milícia Nacional Venezuela — um número considerado bastante exagerado por analistas internacionais. “A Venezuela nunca vai ceder a chantagens nem a ameaças de nenhum tipo. Se a Venezuela for agredida, passará imediatamente à luta armada em defesa do território nacional e da história e do povo da Venezuela”, avisou Maduro.
Cenários
Coronel do Exército da Venezuela e analista de segurança e defesa, Antonio Guevara explicou que, ante a escalada do deslocamento de destróieres americanos no sul do Caribe, Maduro anunciou a mobilização cívica e militar para combates. “O regime da Revolução Bolivariana afirma estar preparado ante três possibilidades. A primeira é manter-se no poder, com Maduro exercendo, de forma usurpadora, os papéis de presidente da República e de comandante-chefe da Força Armada Nacional Bolivariana (FANB). A segunda é, caso seja destituído do poder, recupere a Presidência da Venezuela imediatamente. A terceira envolve passar a uma etapa de guerra popular prolongada”, afirmou.
Segundo Guevara, esse último cenário demandaria “a mobilização de todo o potencial nacional”. “Em seu pronunciamento de hoje (segunda-feira), Nicolás Maduro anunciou que começará uma guerra popular. Por sua vez, o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, declarou que uma agressão à Venezuela seria uma agressão à sub-região. O regime venezuelano tem mobilizado o povo, à medida que os navios americanos se deslocam em direção à costa da Venezuela”, observou o coronel. “Minha opinião é que isso não passará de declaratória, de ameaças. Maduro esticará a corda para aumentar a tensão com os EUA; e Washington espera que ele reconheça o triunfo de Edmundo González nas eleições presidenciais de 28 de julho de 2024.”
Jose Vicente Carrasquero Aumaitre, cientista político da Universidad Simón Bolívar (em Caracas), disse acreditar que Maduro pretende atrair os olhos da comunidade internacional. “Basicamente, ele quer se colocar na posição de ator mais frágil em uma disputa. Com isso, pretende colocar os EUA na posição de uma nação que usa o poder para tentar submeter a Venezuela”, afirmou.
De acordo com Aumaitre, “chama a atenção o fato de Maduro ter sido criminoso com o povo”. “Quem tem 900 presos políticos, quem matou estudantes nas ruas e submeteu a população a uma qualidade de vida deplorável foi Maduro. O argumento que ele usa contra Trump pode ser usado contra ele próprio. Maduro não é a Venezuela, roubou as eleições. A solução para ele é deixar o poder”, acrescentou o professor.
Fonte: * Correio Braziliense