O avanço de doenças crônicas e do sedentarismo no Brasil tem mobilizado instituições para além dos consultórios médicos. Dados da pesquisa Vigitel, do Ministério da Saúde, revelam que a obesidade entre adultos saltou de 12,5% em 2008 para 21,9% em 2023. No Maranhão, o cenário se agrava pela rotina exaustiva da indústria, onde 35,4% dos trabalhadores praticam atividades físicas de forma insuficiente. Para reverter esse quadro, o SESI Maranhão, com apoio do Conselho Nacional do SESI, consolidou os Clubes de Corrida, projeto que hoje alcança cinco cidades do estado: São Luís, Rosário, Açailândia, Imperatriz e Caxias.
Diferente de grupos de corrida convencionais, a iniciativa funciona como um programa de saúde integrada. Os participantes selecionados passam por avaliações físicas rigorosas e recebem acompanhamento nutricional individualizado. Segundo a nutricionista Glaucia Rodrigues, a alimentação correta é vital para suportar o desgaste energético da corrida, garantindo disposição e cumprimento das metas.
O impacto dessa abordagem é visível em casos como o de Therezinha Correia, colaboradora da Constans Construtora, que eliminou 8 kg em quatro meses após iniciar o projeto com diagnóstico de obesidade grau II. Para ela, o respeito aos limites individuais e o acolhimento da equipe técnica são diferenciais que promovem a inclusão.
Os benefícios do projeto também se estendem à produtividade das empresas parceiras, que incluem gigantes como Vale, Alumar, Heineken e Equatorial. Educadores físicos do projeto explicam que trabalhadores ativos apresentam maior foco, concentração e redução de doenças ocupacionais. Naama Martins, profissional do SESI em Açailândia — cidade que já registra fila de espera para o programa —, destaca que o engajamento na atividade física reduz o absenteísmo e fortalece o sentimento de pertencimento. Janay Gomes, coordenador de Segurança no Trabalho da DPL em Imperatriz, reforça que a iniciativa melhorou o bem-estar e reduziu significativamente o estresse nas equipes.
O sucesso da metodologia, que alterna treinos de resistência, velocidade e fortalecimento muscular três vezes por semana, levou o SESI Maranhão a planejar a expansão do projeto. De acordo com a assessora técnica Lenildes Silva, a expectativa é transformar o Clube de Corrida em um produto institucional fixo no próximo ano, ampliando o acesso a mais trabalhadores.
Para veteranos como Luana Salazar, técnica da Vale que já corre há oito anos, a assessoria completa foi o que faltava para elevar sua performance. Ao integrar esporte, nutrição e convivência social, o programa se consolida como uma ferramenta estratégica para elevar a qualidade de vida no setor industrial maranhense.
