O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, fez história nesta terça-feira, 26, ao se tornar o primeiro presidente em exercício do país a se juntar a grevistas na defesa de melhores condições de trabalho no setor automotivo. O presidente democrata, que afirma ser o mais pró-sindicalista de todos os líderes que ocuparam a Casa Branca, foi a Detroit, no Estado de Michigan, a convite do presidente da United Auto Workers (UAW), Shawn Fain. Com um megafone, boné e roupas casuais, Biden falou com os grevistas: “Vocês salvaram a indústria automobilística. Vocês fizeram muitos sacrifícios. As empresas estavam com problemas. Agora elas estão se saindo incrivelmente bem e, sabem de uma coisa, vocês também deveriam estar bem”, disse sob aplausos. “Wall Street não ergueu este país. Foi a classe média. Foram os sindicatos. Isso é um fato. Vamos seguir em frente. Vocês merecem o que conquistaram. E vocês conquistaram muito mais do que estão sendo pagos agora”, acrescentou Biden.
Em comentários anteriores, ele já havia enfatizado que estava esperançoso de que as respectivas negociações chegariam a bom termo e que os funcionários merecem uma parcela “justa” dos lucros que ajudaram a criar. “Hoje, o inimigo não é um país estrangeiro a milhares de quilômetros de distância. Está bem aqui em nosso próprio quintal. É a ganância corporativa”, enfatizou Fain, que acredita que a maneira de derrotar essa ganância é a união. “A gerência acha que o futuro pertence a ela. Ele pertence aos trabalhadores do setor automobilístico. Nós fazemos o trabalho de verdade. Nós temos o poder”, acrescentou. Biden chegou ao aeroporto da cidade e foi recebido por Fais, que assumiu a liderança do sindicato no início deste ano e, pela primeira vez na história da indústria automobilística dos EUA, convocou uma greve simultânea nas fábricas de Ford, Stellantis e General Motors, conhecidas como as Três Grandes de Detroit.
O UAW iniciou sua paralisação em 15 de setembro em uma fábrica de cada um desses fabricantes e, na semana passada, estendeu-a a 38 outros locais de produção da Stellantis e da General Motors, na ausência de progresso nas negociações com esta última. “Fecharemos os centros de distribuição da GM e da Stellantis até que essas duas empresas tomem juízo e apresentem uma oferta séria”, declarou um combativo Fain, cujo sindicato representa cerca de 400 mil trabalhadores nos EUA, incluindo cerca de 145 mil em GM, Stellantis e Ford, na semana passada. O UAW está exigindo aumentos salariais de 40% nos próximos quatro anos, a eliminação das diferenças salariais entre os trabalhadores das fábricas das mesmas empresas, maiores garantias de segurança no emprego e a restauração dos subsídios que eles tinham até 2009, para compensar o aumento do custo de vida.