Presidente afirma que será garantido “direito de defesa e presunção de inocência”; decisão será tomada após conversar com ministros
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta sexta-feira (6) que alguém que “pratica assédio” não ficará em seu governo ao comentar as denúncias contra o ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida.
Denúncias contra o ministro na organização Me Too Brasil por supostos episódios de assédio sexual contra mulheres, inclusive contra a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, foram reveladas na quinta-feira (5). O ministro nega as acusações.
“O que eu posso antecipar a vocês é que alguém que pratica assédio não vai ficar no governo. Eu preciso ter o bom senso aqui de que é preciso que a gente permita o direito à defesa. A presunção de inocência a quem tem direito a se defender”, disse Lula em entrevista à Difusora Goiânia.
Lula afirmou que irá conversar com os ministros envolvidos nesta sexta-feira e tomará sua decisão. Na entrevista, ele se referiu ao caso como um “assunto delicado”.
“Eu não posso permitir que tenha assédio. Temos que apurar corretamente, mas acho que não é possível a continuidade no governo”, declarou.
Lula declarou que ao tomar conhecimento do caso, pediu ao ministro da Controladoria-Geral da União, Vinicius Carvalho, ao ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, e ao advogado-geral da União, Jorge Messias, para iniciar as conversas sobre o caso.
“É isso que vou decidir hoje a tarde, primeiro vou conversar com meus três ministros e mais duas mulheres que estão no governo, que são ministras, e depois vou conversar com o Silvio e com a Anielle e vou tomar a decisão. Porque o governo precisa de tranquilidade”, disse.
O chefe do Executivo disse que não permitirá que um “erro pessoal de alguém” prejudique o governo. “Assédio não pode coexistir com a democracia, com o respeito aos direitos humanos e sobretudo com o respeito aos subordinados”, disse.
Lula também falou sobre a foto publicada pela primeira-dama Janja Lula da Silva com Anielle Franco após a revelação do caso. “É uma demonstração inequívoca de que as mulheres estão com as mulheres. E é o normal. Não há uma mulher que fique favorável a alguém que seja denunciado de assédio”, disse.