O Instituto Brasileiro de Cidadania (Ibraci) deu entrada em uma petição inicial de ação coletiva contra a agência de viagens online Hurb, antes conhecida como Hotel Urbano, nesta segunda-feira, 1º. O pedido foi protocolado na 3ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro após um aumento expressivo de reclamações de consumidores contra os serviços prestados pela plataforma de venda de pacotes turísticos. A medida solicita o bloqueio judicial das contas da empresa em caráter de urgência para que seja realizado o pagamento de indenizações referentes ao não cumprimento de contratos, além de compensação por danos morais dos compradores. “A Hurb está no centro de uma crise que envolve calotes, ameaças e deboche. A empresa é alvo de milhares de queixas de clientes que compraram pacotes e não conseguem viajar”, afirma a petição. “A ré vendeu milhares de pacotes turísticos e agora a agência tem dificuldade para cumprir os contratos firmados. Desde o começo do mês de abril de 2023, clientes relatam atrasos no pagamento a hotéis e pousadas pelo Brasil. Esses estabelecimentos, então, passaram a parar de receber novos hóspedes da startup carioca”, complementa o documento. As pessoas interessadas em entrar na ação poderão se manifestar após a publicação do edital de chamamento no Diário Oficial.
A crise vivida pela empresa escalou nas últimas semanas. Por causa de atrasos ou falta de pagamento, diversas empresas do setor turístico, como hotéis, pousadas e linhas áreas, suspenderam reservas realizadas pela Hurb, deixando os compradores na mão. Segundo a petição do Ibraci, a empresa conta com pagamentos em atraso ou a vencer nos próximos dias no valor R$ 140 milhões. A Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) solicitou na sexta-feira, 28, que a Hurb demonstrasse sua capacidade financeira de cumprir os contratos fechados em até 48 horas da intimação. A solicitação ainda determina multa diária de R$ 50 mil caso a empresa não se manifeste. De acordo com dados do site consumidor.gov, mais de 7 mil reclamações foram registradas contra a empresa nos primeiros três meses do ano. Em 2022, o total chega a 12 mil. As reclamações foram tratadas com desdém pelo então CEO da empresa, João Ricardo Mendes. Foram divulgados vídeos em que ele aparece xingando um cliente que fez uma reclamação. Ele ainda vazou os dados do comprador. Em meio a represálias, ele renunciou ao cargo.